O Centro das Artes resultado de um concurso promovido pela Vice-Presidência do Governo Regional da Madeira, visam a implementação de projectos sustentados capazes de dinamizar o território insular da Madeira. Pretendeu construir um edifício para um Centro de Artes como expansão da actual Casa da Cultura da Calheta, promovendo a edificação de um novo centro de artes, um núcleo autónomo da actual Casa das Mudas, cujo programa visa áreas de exposição, auditório, biblioteca, serviços educativos, loja/livraria, cafetaria, restaurante e espaços administrativos.
Funchal a cidade Capital com uma estrutura museológica constituída por pequenos espaços satélite articulados com um função de conceito de museu criando uma rede de leitura da cidade através de um percurso ligado a expansão, estabelecendo uma cadeia de relações Tempo; Historia ; Economia. Mas sem qualquer espaço destinado a Arte Contemporânea e numa acção de descentralização vê agora com o centro a possibilidade inesperada da criação de um espaço expositivo fora da “compressão” do casco da cidade.
LUGAR | O edifício do Centro das Artes da Calheta pontua a paisagem colocando-se na linha de festo de um monte que acaba abruptamente sobre o mar.
Calheta, concelho de grande extensão situado na frente marítima da costa oeste da ilha, marcadamente por montes de altura considerável sendo seu centro no vale mais profundo.
CONCEITO | O motor da construção da ideia tem como ambição o de redesenhar a “massa montanhosa”, onde o edifício actua como uma topografia. Este afloramento aparece como um grande conjunto de peças esculpidas onde a geometria de carácter abstracto destaca a intervenção desenhando um corpo especificamente para o lugar, sendo simultaneamente “natureza “e artifício. A relação da pequena casa existente “Casa das Mudas” com a envolvente próxima através de socalcos, expressão marcante no território da ilha fazendo surgir uma paisagem humanizada, relação essa que o projecto tem como propósito de refazer face ao seu desaparecimento com as construções criadas ao longo do tempo. A repor esta cota com a criação de uma grande plataforma agora complexa que se contrapõe nos diferentes desníveis no embasamento que decorre da adaptação à topografia.
CORPO | O corpo desenvolve-se ao longo de um eixo longitudinal, orientado sensivelmente na direcção norte/sul resultante das condições topográficas indo ao limite de onde é possível construir.O corpo escavado e esculpido, propõe uma experiência subterrânea. Os espaços exteriores subtraídos ao corpo conceptual original, marcados pela textura e cor dos paramentos e pavimentos, agora pontuados pelo enquadramento da paisagem e presença dramática do céu insular.
FUNCIONALIDADE | O acesso principal efectua-se através de uma rampa que conduz a um pátio-pivot quadrado a partir do qual todas as funções existentes no programa do centro se distribuem de forma autónoma a cota superior e com ligações possíveis a inferior.
A distribuição fragmentada das funções visadas, permite uma gestão autónoma de cada módulo no complexo edificado, permitindo deste modo uma maior flexibilidade na sugestão dos percursos que se distribuem pelos espaços expositivos.
Salas de Exposições | Dividida em três salas separadas em dois pisos com proporções altimétricas diferentes.
Loja | Este espaço de venda de contacto directo com o pátio principal com entrada directa podendo funcionar autonomamente. Estrategicamente localizada no fim de percurso das exposições.
Salas de Workshop | Fisicamente ligadas as zonas de exposição, complementares com possibilidades de um uso para um trabalho de interacção e pedagógico de actividades a desenvolver pela Casa da Cultura.
Biblioteca | Dividida em três pisos abertos, desenvolvidos em socalcos. Possui salas de leitura tradicional, compartimento para multimédia, sala de apoio e de deposito de livros e ainda uma zona de periódicos. O acesso a cobertura faz remate final, sendo este ponto do complexo o “belvedere” para o centro da Calheta
Auditório | Com capacidade para 238 lugares, dotado para diferentes usos, bailado, concertos e congressos possui meios para projecção de filmes, vídeo e tradução simultânea. Dispõe de áreas de camarins. Possui em cota inferior à sala os acessos por rampa para apoio ao auditório e preparações de exposições com ligação directa ao átrio central.
Restaurante | Localizado no ponto de rotação do complexo permite um franco acesso público e autónomo. Dispõe de uma capacidade de 48 lugares interiores, aberto sobre uma esplanada de igual capacidade, com uma vista sobre o mar e o centro da Calheta.
Casa das Mudas | Para a casa destinou-se o núcleo de direcção e serviços administrativos, localizadas no piso superior. É criado um acesso por escadas para o estacionamento e ao pátio interior central do complexo.
MATERIALIDADE | Construir o centro em basalto como aproximação a natureza nesta paisagem vulcânica. Sendo um material local e em abundância interessa-nos também pela sua textura e cor promovendo a continuidade do suporte da paisagem e a ideia de fundação. Intensificando os valores da paisagem e do território.